Fuligem eletrônica?

Pouca idéia fazemos do que deixamos de saber com a destruição da Biblioteca de Alexandria, que não foi destruída de uma tacada só, pelo fogo, mas aos poucos. Primeiro por uma desavença entre a feia Cleópatra e Júlio César; e, depois, vítima da miopia religiosa do imperador Teodósio (400 d.C.) e do califa Omar. (Em 640 d.C., o califa ordenou que fossem destruídos pelo fogo todos os livros da Biblioteca sob o argumento de que "ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto e não devemos lê-los"). Bem mais tarde, em outra região do mundo, mais civilizada, aparentemente, os livros também acabaram bem mais que chamuscados. Foi a Bücherverbrennung, a queima de livros em praça pública ordenada pelo regime nazista em junho de 1933, que tomou parte em várias cidades da Alemanha. Será que, em pleno século XXI, não estaríamos nós promovendo o mesmo ato, diariamente, de maneira quase que irrefletida? Quando utilizamos o "google" como ferramenta de busca bibliográfica, os resultados que aparecem nas primeiras páginas só possuem tal colocação porque foram os mais acessados, mas nem por isso são os melhores. Quem de nós clica na página número 113.ooo, por exemplo? Ou, sem muitos exageros, na página 45? Acabamos sempre privilegiando os primeiros resultados. Sei não, mas sinto um cheiro de queimado no ar...