Sobre a cegueira.
Peguei-me relendo anotações que fiz quando li o “Auto-de-fé”, do Elias Canetti. E, na mesma página, grifei dois trechos: “Detestava-a, porque ela jamais cessava de amá-lo” e “ (...) Um homem como você (que se finge de cego) tem de agüentar que a gente o engane desse jeito.(... ) Vem um sujeito e lhe atira um botão, mas tem de dizer ‘obrigado’. Se não disser ‘obrigado’, adeus cegueira e adeus freguesia.(...) Enganar assim uma pessoa é uma sujeira.” O primeiro trecho não necessita de explicação. Já o segundo, é impagável, pois, afinal, quem é o pior: o que se finge de cego ou aquele que, ao doar, substitui uma moeda por um botão?
5 Comments:
Penso: ambos e nenhum, depende!
No direito, a intencão (dolo) pode determinar a prisão. A intenção do doador era desmascarar o falso cego ou, de fato, enganá-lo?
Cruel...
aquele abraço
A intenção era enganá-lo, pois não sabia que se tratava de um falso cego.
Abraço!
Ou: o que é pior, o Bolsa-Família perpetuando e clientelizando a miséria ou um obrigado em forma de 60 milhões de votos?
Abs.
Mas a diferença é que há um cego de verdade: o povo.
É, Amigo: a maioria é cega, mesmo, mas também tem aqueles que se fazem de cegos pra ver se faturam alguma coisa.
Nem que seja uma consciência pretensamente limpa...
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