Brincando de Montaigne

Selecionei trechos de matérias que li nos jornais de ontem. Acho que vale a pena postá-los aqui.
1) Sobre o caso Isabella ("Pais sem rumo, crianças sofridas"), texto de Maria Rita Kehl, Estadão, Caderno Aliás: "(...) Mas a família moderna, fechada sobre si mesma, toda voltada para a produção de bem-estar, fundada nas formas mais egoístas de amor, é um canteiro propício, no mínimo, à violência psicológica. Os filhos frustram as expectativas dos pais, o amor vira moeda de barganha e chantagem mútua, a esperança de entendimento de parte a parte é freqüentemente obstruída pela culpa que cada um sente por não amar o outro tanto quanto devia(...)"
2) "De afetos e paixões", coluna de Daniel Piza, Estadão, Caderno Cultura: "(...) 'A habituação embota a visão de nosso discernimento' escreveu Montaigne (e eu estou brincando de Montaigne aqui; todos nós que escrevemos não-ficção brincamos de Montaigne)"
3) "Com a língua solta", uma conversa de titãs entre Ian McEwan e Steven Pinker, Folha de São Paulo, Caderno Mais: "Quando eu estava na universidade, aprendi que Wittgenstein estava certo ao dizer que os limites do meu mundo são os limites da minha língua. Mas Chomsky e depois você - refinando muito Chomsky-, ao considerar como o pensamento realmente evolui - e por experimentação empírica-, sugerem que os modos como pensamos independem da linguagem" (McEwan).
Foi um domingo divertido. Há tempos que os jornais não andavam tão bons.
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