A nostalgia de Dante
Acabo de ler e recomendo. “As penas do ofício”, coletânea de ensaios do jornalista Sérgio Augusto, que não conheço pessoalmente, é uma divertida viagem pela cultura, desde críticas ferozes ao estúpido programa “Big Brother” até refinados comentários sobre literatura (“de qualidade”, sejamos claros), música e cinema. Tudo regado a um ótimo “grand cru”. Em determinado ensaio, Sérgio cita o significado da palavra “nostalgia”, mas não comenta a sua origem, certamente por não caber naquele contexto. A palavra foi criada por um estudante de medicina alsaciano chamado Johannes Hofer, em 22 de junho de 1688, a partir da combinação da palavra nostos (“retorno”) com a palavra algos (“dor”) e serviu de título para a sua tese, Dissertatio medica de nostalgia. A palavra foi inventada para descrever a enfermidade dos soldados suíços que estavam no “front”, longe de seus lares e que, para nós, estariam, simplesmente, com “saudades”. No século XIII, talvez Dante já houvesse descrito a sensação daqueles soldados, só que com mais palavra: “Nessun maggior dolore che ricordarsi del tempo felice nella miseria” (“Nehuma dor é maior do que se recordar dos tempos felizes na miséria”, Inferno, V).
5 Comments:
bonito texto.o Sérgio Augusto era o que escrevia na Bravo?
Sim, ele escrevia ensaios nas páginas iniciais da Bravo!. Por mudanças na linha editorial que o desagradaram, ele abandonou a sua colaboração. Azar o nosso.
O que o Dante escreveu é como a infância. A gente se lembra que era bom ser criança quando não somos mais. Aí já é tarde.
Anônimo, esse é um tema recorrente na literatura e na filosofia, cada uma a sua maneira.
Dante, então, não foi novidade.
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