Sim, nós temos Guantánamo
Primo Levi, Victor Klemperer e Viktor Frankl foram alguns sobreviventes do Holocausto que puderam registrar para a posteridade os horrores atrozes dos campos de concentração nazistas. O relato tocante de Levi em "É isso um Homem ?", as memórias angustiantes de Klemperer e sua mulher pelas ruas de Dresden ("Os Diários de Victor Klemperer"), as seqüelas aversivas legadas a Frankl. Tudo está acessível ao leitor interessado. Mas de que vale todo esse sombrio registro memorialista se ele não é capaz de engendrar mudanças positivas, que nos impeçam, pela repetição exaustiva da tragédia, de reincidir na barbárie? Acaba de ser publicado nos Estados Unidos um livro com alguns poemas de prisioneiros da Baía de Guantánamo (Poems from Guantánamo: the detainees speak). A trajetória da confecção dos versos até a impressão definitiva foi um trabalho comparável ao retorno de Ulisses a Ítaca. A condição dos prisioneiros na Baía só encontra paralelo em Auschwitz-Birkenau. Ainda assim, nós - eu, vocês e o Mundo - permitimos que Guantánamo exista. De que adianta tanta Cultura, tantos livros, tanto Engenho e Arte? Fica a pergunta, caro bovino leitor.
14 Comments:
Em Boston, tem uma praça que simula uma câmara de gás. Vc passa e fica respirando vapores (espero que d'agua!!). No final, tem o nome de pessoas que morreram em campos de concentração.
Será que um dia teremos um memorial para Guantânamo, por exemplo, em NY?
Parabéns pelo post.
KX, é visceralmente difícil se manter indiferente a essa tragédia. No Estadão de hoje, há uma matéria que comenta o último livro do sempre lúcido Eric Hobsbawm, "Globalization, Democracy and Terrorism". Quem assina o artigo é Martin Woollacott, do "The Guardian". Há uma frase que resume bem o artigo e que, de certa maneira, guarda relação com este "post": "(...) é no uso de um pretenso perigo existencial para justificar políticas extremas que está a verdadeira ameaça à estabilidade mundial". Que alguém nos poteja de Bush...
É Caro Amigo,
Ainda ontem assisti, na HBO, um filme que tratava do terror enfrentado pelos moradores de Dresden em fevereiro de 19??. Sob ataque implacável a Cidade foi praticamente destruída. A película retarou a angústia dos sobreviventes, o terror dos suícidas e a frieza dos
algozes...
Respondo à sua pergunta: muuuuuu...muuuu...?(tradução: o que aprendemos com isto?)
Caro Paulo, há algumas respostas possíveis, que podem explicar mas não justificar os nossos comportamentos. Há certa relação entre os últimos "posts", o que pode ser resumido por este trecho de John Gray:"Progresso e assassinato em massa andam um ao lado do outro. Assim como diminuiu o número de mortos por fome e praga, também aumentou a morte por violência.Assim como a ciência e a tecnologia avançaram, também também avançou a proficiência em matar. Assim como cresceu a esperança por um mundo melhor, também cresceu o assassinato em massa." Tecnologia, ora a tecnologia...
Guantánamo é só o que se sabe. E a China? E o louco do Putin? E Abu Graib?
Belíssimo post!!!
se mais pessoas pensasem desta forma talvez... ou não. temos é que agir.
ótimo post!!!
MEU NOME É BOI
PEDPAULO?VC NÃO GOSTA DO PUTIN? HÁ ALGUM MOTIVO ESPECIAL?CONTE-ME,
ELBENA KRUPSKAYA
POIS É, CONSELHEIRO!!!!!!!!
Anônimo, você parece se fazer de alienado! Não foi o Putin que envenenou o espião russo e que mantém uma política atual semelhante aos Gulags de Stálin?
pedpaulo,MEU AMOR VC ESTÁ ME DIZENDO QUE HOUVE JULGAMENTO E NÃO ME AVISARAM? QUE HHIGNORÂNCIA A MINHA QUERIDO
HELENA KRUPISKAYA
BEIJOS RUSSOS PARA VC
Helena, vc tem msn?
pedpaulo eu escxrevi e sumiu,mas tentarei novamente, onte na ilustrada da FOLHA saiu um artigo do bernardo de carvalho sobre a rússia(poesia,poetas) magnifíco,se puder leia.
que filme é este que vvc est´a editando?
BJUS.helena
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