Babel: a big mistake?

Na última sexta-feira, em meio a uma semana muito atribulada, tive a rara oportunidade de jantar com duas das maiores autoridades do mundo no que diz respeito às ciências cognitivas - leia-se, basicamente, linguagem e memória. Foi interessante notar as posições divergentes entre os dois "experts". Um deles, do qual discordei e permaneço ainda irredutível, defendeu a tese de que "Babel was a big mistake". De acordo com os seus argumentos, um planeta sem barreiras linguísticas seria mais justo, mais humano, uma vez que a língua seria o mais poderoso elemento aglutinador de pessoas - algo como a teoria da revolução permanente de Trotsky, o tal comunismo sem barreiras. Já o outro eminente pesquisador disse exatamente o contrário: as diferentes línguas aglutinam homens que compartilham uma cultura própria, com valores sociais, morais e humanos particulares, e, a partir dessa diversidade cultural, nós podemos aumentar o nosso repertório mental (cognitivo) quando entramos em contato com essas diferenças. Essa última visão é muito próxima do que defendeu Nietzsche, ainda que de maneira muito peculiar: declarando o seu ódio ao idioma alemão. A discussão não foi decidida, mas o colega que defendeu o fim de Babel - e que cuja língua pátria é o idioma de Shakespeare- , instantes antes de entrar na discussão aqui descrita, perguntou para mim como é que ele poderia dizer "métier" em inglês, pois não estava conseguindo achar palavra melhor...