Sábado
Dmitri Shostakovich, 1942
Passei o sábado - muito vezes penso em escrever esse dia da semana com inicial maiúscula, "Sábado", como fazem os anglo-saxões; não é um dia qualquer, não é mesmo Poetinha? - relendo Edward Gibbon (Declínio e queda do Império Romano), que me foi tardiamente apresentado por Paulo Francis em algum "Diário da Corte". Não sei por qual caminho segui, como sói acontecer - verbo "soer", aqui utilizado em homenagem a Millôr e João Ubaldo Ribeiro, que andaram reclamando a ausência dele -, mas passei por André Malraux (páginas e mais páginas grifadas de A Esperança e A Condição Humana), Walter Benjamin ("Em 1757 só havia três cafés em Paris", Passagens) e terminei em Paralelos e Paradoxos: reflexões sobre música e sociedade, série de conversas entre Daniel Barenboim e Edward Said. Como síntese da tarde de hoje, após livros revisitados, aproprio-me das palavras do músico argentino: A diferença entre o artista e o político - não o estadista, realmente, mas o político - é que o artista, para ser fiel a si mesmo, tem de ter a coragem de ser totalmente intransigente; e o político, para ser fiel a si mesmo, tem de ser mestre na arte de transigir; do contrário não é político. E, portanto, ser artista numa sociedade política é remar contra a corrente.
4 Comments:
Ai, inveja de ter tempo para ler tantas coisas...
Carol, lendo-se um pouquinho por dia, depois de um certo tempo, você é capaz de ler mais e melhor, estabelecer relações entre os textos por meio reminiscências temáticas e afetivas. Comigo funcionou!
O problema é que eu trabalho muito, faço faculdade de noite e tenho muitos textos das aulas para ler. Não que eles não sejam interessantes, mas sinto falta da literatura no meu dia-a-dia...
Amigo, a melhor citação que já vi sobre política pertence a um anônimo:
"não conte à mamãe que entrei para a política: ela ainda pensa que eu toco piano naquele puteiro."
Abraço!
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