Antes mi nonino, jefe!
Para quem ainda acredita que é impossível ser intenso e sensível em poucas palavras, segue o esplêndido miniconto de Daniel Piza. Lembrei-me de Uma vela para Dario, de autoria do vampiro de Curitiba.
O advogado viu o sinal amarelando e entendeu que deveria acelerar o carro em vez de reduzir. O motoboy na perpendicular entendeu o mesmo. Pou!!! O motoboy foi jogado a uns dez metros de distância, deu um grito e ficou gemendo. O advogado, com mãos e pernas tremendo, foi até ele entre irritado e comovido. Ajudou a tirar o capacete e o reconheceu: era o boy do escritório, o Pulga, que o olhava com raiva. Imediatamente o advogado olhou para os envelopes pardos que se espalharam pelo asfalto. De um deles escorregou um contrato que tinha sua assinatura. “É pra ontem!”, gritara ao entregá-lo ao Pulga naquela manhã. Virando o rosto de volta para ele, por uma fração de segundos torceu para que não fosse nada e ele se levantasse e continuasse o serviço do dia. Afastou o pensamento chacoalhando a cabeça e estendeu a mão para Pulga, que segurava o tornozelo fraturado e urrava de dor. “Vem, te levo pro hospital.” Pulga se esforçou para levar a mão para dentro do casaco, pegou o celular e o estendeu ao advogado: “Doutor, liga pro meu pai primeiro.”
3 Comments:
Amigo, fase portenha???
Belo miniconto. Mas pra quem pnsa que pouco não pode ser muito, é só lembrar das poesias, dos Hai-kais, dos versos simples.
Dois veiculos na perpendicular não podem ter, simultaneamente, os sinais amarelos. Um conto bem ao estilo Daniel Piza, falta consistência.
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