Embriagado
James Ensor, Los borrachos, 1883
"Gostaria tanto de preservar minha educação puramente humana, mas o saber não nos torna melhores nem mais felizes. Sim! Se fôssemos capazes de compreender a coerência de todas as coisas! Mas o início e o fim de toda ciência não estão envoltos em obscuridade? Ou devo empregar todas estas faculdades, estas forças, esta vida inteira, para conhecer tal espécie de inseto, para saber classificar uma determinada planta na série dos reinos?" (Heinrich von Kleist, Lettre à une amie).
Algo tão antigo e tão atual. O desafio está lançado: pescar conhecimento em meio a um mar de informação. E mais: identificar a relevância daquele conhecimento - saber classificar insetos? E de quem é essa função de orientar as nossas escolhas para que elas sejam "relevantes"? Dos pais? Da escola? George Steiner decretou a morte dos humanistas. Nada mais de beber em Shakespeare, Montaigne, Bacon, Dante, Emerson. Beber, a partir de hoje, só literalmente.
2 Comments:
Posso parecer ingênuo, mas não acho que deva haver responsabilidade por parte de quem quer que seja - pais, Estado, imprensa - para instruir nesses gênios. O que precisa existir é condições para que a descoberta possa acontecer pela própria pessoa. Infelizmente, essas condições inexistem. Hoje, para descobrir um Montaigne, um Pascal, um Bacon, ou os gênios da literatura, artes plásticas e música erudita, é necessário um imenso acidente de percurso que faça a pessoa tropeçar nessa genialidade.
Mas Jonas se o pai lê em casa, ouve música clássica, isso não pode ser uma boa influência? O contrário não é verdade, concordo com você, mas um empurrãozinho em casa ajuda.
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