"Ab manu"
Cyro dos Anjos. Fotos do Acervo Museográfico de Escritores Mineiros da UFMG.
Cada vez que calha, a releitura de O amanuense Belmiro é um verdadeiro deleite. Obra do mineiro Cyro dos Anjos, poucos livros são tão bons e tão negligenciados pela crítica, exceção aqui feita ao mestre Antônio Cândido. Dele são as palavras "livro que lida com os problemas do homem num tom de tal modo penetrante que autor e leitor se identificam, num admirável movimento de afinação". Não por acaso, são sempre pertinentes as citações de Montaigne feitas por Belmiro ao longo de sua espécie de diário. Nas páginas dessa deliciosa obra é que encontrei a explicação do fascínio exercido pelo romance em minha frágil, quase humana, arquitetura interior. "(...) Dentro do nosso espírito as recordações se transformam em romance, e os fatos, logo consumados, ganham outro contorno, são acrescidos de mil acessórios que lhes atribuímos, passam a desenrolar-se num plano especial, sempre que os evocamos, tornando-se, enfim, romance, cada vez mais romance. Romance trágico, romance cômico, romance disparatado, conforme cada um de nós, monstros imaginativos, é trágico, cômico ou absurdo." Mas há ainda mais, além das linhas acima, que nada fica devendo a Machado ou a Gide. Enquanto bebe alguns muitos chopes com o amigo, diz Belmiro "entretanto, fiquei em boa forma e isso me fez pensar que a embriaguez depende, não da quantidade de álcool ingerida, mas do estado sob que a ingerimos". Quais serão os estados mais propensos à embriaguez?
4 Comments:
Amigo,na verdade, tanto faz.O bom mesmo é o "estado de embriaguez"
Helena
O Amanuense Belmiro é um dos grandes romances injustiçados da literatura brasileiro. Assim como O Braço Direito, do Otto Lara Resende.
Caro Jonas, você sabe que nunca li "O Braço Direito"? Será uma de minhas próximas leituras, certamente.
Abraço!
Já li todos os livros do escritor Ciro dos Anjos e nada ficam a dever a escritores como Machado de Assis, etc...
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