De volta
As experiências, ao lado da cultura, são capazes de promover um melhor entendimento do mundo que nos rodeia. Esse processo ocorre de maneira não consciente, implícita. Foucault dizia que a importância do processo de aculturamento está em fornecer mais instrumentos, outros ângulos, para se enxergar o problema, para dissecar as suas películas. Kant resumiu melhor que ninguém o casamento entre a experiência e a cultura com a frase "os conceitos sem a experiência são cegos; a experiência sem os conceitos é nula." Viajar é, para o viajante minimamente atento, uma oportunidade quase única de se agregar experiência e cultura. Muda-se o nosso ser, muda-se a nossa disposição intelectual. Memórias visuais - o mais belo pôr-do-sol que trago comigo vi enquanto descia o Rio Negro -, olfativas - o cheiro indescritível exalado pelos ciprestes das pequeninas estradas da Toscana, os olores da feira de Rialto -, auditivas - lembro-me de ouvir, no meu Ipod, Armstrong e Ellington em Solitude na sala de embarque do aeroporto de Zurique; Brahms por Anne-Sophie Mutter, em Chicago -, táteis - a consistência inusitada da neve por nós tocada pela primeira vez : somos todos pequenos Prousts em potencial. Até mesmo para se adocicar o nosso regresso servem as memórias. E, ao aterrissar, evoco, quase sempre, os versos da Eneida "Salve a terra que me coube por destino, aqui é minha casa, aqui é minha pátria".
4 Comments:
amigo, você é uma inspiração!
Bem Vindo!
abraços
Amigo,
sempre acreditei nessa "dupla". E acho uma pena que não possa viajar tanto quanto gostaria.
Bom retorno, e tomara que não se vá tão cedo novamente...
JS
Cara JS,
espero que nunca consiga viajar tanto quanto gostaria. É coisa que sempre se quer mais...
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